HISTÓRIA DO SANTA CRUZ FUTEBOL CLUBE
1914 - 1915
1914: NASCE O SANTA CRUZ, PARA VIVER ETERNAMENTE
Um grupo de onze garotos, com idades entre 14 e 16 anos, residentes no bairro da Boa Vista, nas imediações do centro da cidade do Recife, que costumava jogar futebol no pátio da Igreja de Santa Cruz, decidiu tornar sério seus bate-bolas e fundar um clube.
Igreja de Santa Cruz, onde o Mais Querido foi fundado
Assim, no início da noite de 3 de fevereiro de 1914, uma terça-feira, na casa nº2 da rua da Mangueira (hoje rua Leão Coroado, nas proximidades do Largo de Santa Cruz), os onze meninos, em reunião, como ficou registrado na ata da mesma, fundaram o clube que decidiram chamar de "Santa Cruz Foot-Ball Club", cujo principal esporte seria o futebol.
Na mesma reunião, foi escolhida e tomou posse a primeira diretoria, tendo como primeiro presidente José Luiz Vieira. Outra decisão tomada foi sobre as cores adotadas pelo novo clube, optando-se pelo branco e preto.
Ilustração da Ata de Fundação do Santa Cruz
Logo no primeiro jogo, o "time dos meninos" deu mostras daquilo que viria ser seu futuro. O adversário foi um outro clube recém-criado, o Rio Negro, na campina do Derby, um bairro próximo. Apesar de acostumados a jogar nas ruas, o garotos do Santa Cruz não estranharam o gramado, aplicando 7x0, com cinco gols de Silvio Machado.
Após o massacre, o Rio Negro pediu revanche e impôs uma condição, "desta vez, Silvio Machado não jogará!". O Santa Cruz concordou, assim marcou-se outro jogo, no campo do adversário, na rua Barão de São Borja, no hoje bairro da Soledade. Desta vez, com Carlindo no lugar de Silvio Machado. Resultado? Santa Cruz 9x0, com seis gols do substituto Carlindo.
Aos poucos, os feitos do time foram se tornando notórios no Recife, vitórias como as iniciais, ou como contra o combinado de ingleses da Western Telegraph Company, só fizeram o clube ser cada vez mais admirado na cidade. Outro fator que contribuiu para que desde cedo o Santa Cruz possuísse a maior torcida do Estado foi sua origem.
Primeiro time da história do Santa
Enquanto os outros clubes que destacavam-se no cenário local eram elitistas, o Santa foi um clube surgido na classe média, popular desde seu nascedouro, sendo um dos primeiros a aceitar negros, algo raro na época. O escudo do clube inclusive foi desenhado em 1915 por Teófilo Batista de Carvalho, conhecido por Lacraia, primeiro negro a defender o Santa Cruz.
Mas nem tudo correu bem no início, em um momento de crise, em 1914, o clube por pouco não deixou de existir. Em uma reunião, um dos fundadores propôs o gasto dos únicos seis mil réis existentes em caixa na compra de uma máquina elétrica de fazer caldo de cana (o que era sucesso na época, na Rua da Aurora).
Foi então que, Alexandre de Carvalho agiu energicamente, dando um murro na mesa e pronunciando palavras que ainda hoje são sentidas no coração dos torcedores "O Santa Cruz nasceu e vai viver eternamente!". Estava iniciada a história daquele que hoje é um dos maiores clubes do futebol brasileiro.
Em 16 de junho de 1915, é fundada a Liga Sportiva Pernambucana (LSP), hoje Federação Pernambucana de Futebol. A entidade passou então a organizar os campeonatos estaduais. O primeiro ocorreu já em 1915, porém, antes do pontapé inicial, um acaso do destino mudaria para todo o sempre a história do "time dos meninos".
Uma das regras da LSP afirmava que seus afiliados não poderiam usar as mesmas cores, porém, tanto Santa Cruz como o Flamengo eram alvinegros, sendo assim, um dos dois teria que alterar seu pavilhão.
A decisão saiu em um sorteio, o Flamengo venceu e como prêmio, permaneceu alvinegro, já o Santa teria que mudar suas cores.Assim, optou-se pela inclusão do vermelho junto ao branco e preto, nascendo assim o Tricolor.
Dois fatores teriam influenciado na inclusão do vermelho, o primeiro teria sido a boa impressão que o time do Flamengo/RJ causou ao fazer uma excursão ao Recife na época. O rubro-negro carioca usava então um uniforme com listras horizontais vermelhas, brancas e pretas, o popular Cobra-Coral, que foi adotado pelo Santa Cruz.
Outro fator teria sido a simpatia que alguns dos membros da diretoria nutriam pela Alemanha, na Primeira Guerra Mundial, que naquele momento se desenrolava na Europa. Na época, a bandeira alemã era composta por três faixas horizontais, preta, branca e vermelha. As novas cores do clube foram oficializadas no dia 16 de março de 1916.
Solucionado o problema das cores, veio a disputa da primeira partida do Campeonato Pernambucano e coube ao Santa a honra de inaugurar a festa oficial nos gramados do Estado. No dia 1º de agosto de 1915, o Tricolor venceu a equipe da Coligação Sportiva Recifense por 1x0, com gol de Mário Rodrigues, e grande atuação do goleiro Ilo Just, um dos primeiros ídolos corais, ao lado de Pitota.
Atacante Pitota, craque do Mais Querido
Seis times participaram daquele campeonato e como Santa, Flamengo e Torre chegaram ao final da disputa empatados, o título foi decidido entre os três. Contra o Torre, o Tricolor foi impiedoso, fazendo 5x0, bastava vencer o Flamengo para conquistar o primeiro título, porém, o time acabou derrotado e como o Flamengo também venceu o Torre, ficou com o título.
Ao fim de sua primeira competição oficial, o clube fundado por garotos e que quase deixou de existir em virtude da possibilidade da compra de uma máquina de fazer caldo de cana, conquistara o vice-campeonato, nada mal, porém a principal conquista já era bem clara naquela época e mantém-se até hoje idêntica: o Santa Cruz era o Mais Querido, seus jogos sempre reuniam um bom número de adeptos. Num tempo em que o futebol pernambucano ainda engatinhava, o Tricolor já era o Time do Povo.
1916 - 1930
Com o passar dos anos, o Santa Cruz foi deixando de ser apenas o "time dos meninos" e tornou-se definitivamente uma das potências do futebol local. A equipe conquistou várias taças de menor importância, porém, persistia a luta pelo título estadual.
Nos primeiros campeonatos, o Tricolor sempre chegava perto, porém, acabava derrotado na final, nem sempre de forma lícita, diga-se, como foi registrado no campeonato de 1916, quando uma série de manobras beneficiou o Sport, que, por exemplo, utilizou um jogador profissional em seus quadros, algo determinantemente proibido no regulamento. Era o nascimento de uma das maiores rivalidades do futebol brasileiro.
Equipe do Mais Querido em 1917
Nos sete primeiros Pernambucanos, o Santa acabou na segunda colocação em seis oportunidades. Após tantos "quases", o Tricolor passou por um tempo de vacas magras, ficando vários anos longe da decisão, só voltando em 1929, para mais uma vez ser vice, perdendo a final para o Torre.
Porém, mesmo assim, dois fatos ocorridos nesses primeiros anos entraram para a história. No dia 15 de abril de 1917, o Mais Querido conseguiu um feito heróico, numa partida contra o América, o Santa estava sendo goleado por 5x1, mas o time não desistiu. Faltando 15 minutos para o encerramento do jogo, desandou a fazer gols, foram seis no total, revertendo o placar para 7x5. Essa é até hoje a maior virada do futebol brasileiro.
A bola da grande virada diante do América está no museu do clube
Outro feito marcante na época se deu em 30 de janeiro de 1919. O Botafogo/RJ estava no Recife fazendo uma série de amistosos. Nunca até aquela data um clube do Sul do país havia sido derrotado por outro do Norte/Nordeste e coube ao Mais Querido a honra de inaugurar mais essa página.
Atacante Tiano fez sucesso com a camisa coral
A partida levou um grande número de torcedores ao campo. O jogo foi emocionante, com todos ingredientes de uma vitória histórica. O Botafogo saiu na frente, mas o Santa empatou com Miranda. Os cariocas pressionavam, mas paravam nas mãos de Ilo Just. O Tricolor voltou a ficar em vantagem, com Tiano, mas cedeu o empate, num lance duvidoso, que gerou uma invasão do gramado por parte da torcida.
Goleiro Ilo Just marcou época no Santa
Porém, aquele dia era de festa nordestina e Pitota anotou o terceiro para o Santa, a multidão foi ao delírio, invadindo o campo o que obrigou o arbitro a encerrar o jogo. Santa Cruz 3x2 Botafogo. Nos jornais do dia seguinte, não havia outro assunto na imprensa local, até mesmo Santos Dumont, inventor do avião e que estava de passagem no Recife, foi ignorado, seu lugar foi ocupado nas manchetes pelos nomes de Pitota e Tiano, astros do jogo.
1931 - 1940
Equipe coral de 1929
1931 - 1940
Em 1931, após 17 anos de espera, a torcida tricolor enfim pôde comemorar seu primeiro título de Campeão Pernambucano. A conquista veio de forma avassaladora, em dez jogos, o Santa Cruz venceu oito, empatou um e perdeu apenas um, marcou 41 gols e sofreu nove.
Campeões de 1931 - Zezé Fernandes, Lauro, Peruci, J. Martins, Aluísio, Sebastião da Virada, Sidinho, Sherlock, Dadá e Fernando
O jogo do título foi no dia 13 de dezembro de 1931, na penúltima rodada, uma vitória por 2x0 sobre o Torre, sagrando-se o Tricolor campeão por antecipação. A escalação campeã era: Dadá, Sherlock e Fernando; Doía, Juntinho e Zezé; Aloísio, Neves, Tará, Lauro e Estevão.
1932
E o Mais Querido tomou gosto pela coisa, já em 1932 o time voltava a ser campeão e com mais uma campanha arrasadora, foram doze jogos e doze vitórias, 51 gols marcados e 13 sofridos. Na final, duas goleadas por 4x1 frente ao Íris.
Atacante Tará é o maior artilheiro da história do Santa
1933
Em 1933, veio o tricampeonato estadual. O time liderado por Tará fez outra campanha soberba, vencendo 13 dos 16 jogos disputados. O título foi conquistado após duas goleadas por 5x2 frente ao Varzeano, porém, para muitos, a verdadeira decisão se deu no Clássico das Multidões, vencido pelo Santa por 3x2, com dois gols de Tará e um de Limoeiro.
Time tricampeão do ano de 1933
1934
Em 1934, o sonho do tetra foi frustrado pelo Náutico, que conquistou naquele ano seu primeiro título, mas, ainda assim, o ano guardava para o Santa mais um feito memorável. Após o fracasso na Copa do Mundo, disputada na Itália, naquele mesmo ano, a Seleção Brasileira fez uma série de amistosos, onze deles no Nordeste, contra clubes e combinados, venceu dez e perdeu um e essa derrota foi justamente para o Tricolor.
O jogo foi no dia 10 de outubro de 1934, no campo da avenida Malaquias. O jogo foi bastante confuso, o Santa abriu o placar cobrando pênalti, com Zezé, logo em seguida a Seleção virou o placar. Quando faltava pouco para o fim do jogo, o árbitro da partida assinalou pênalti para os pernambucanos, que Zezé mais uma vez converteu. Quando tudo parecia caminhar para o empate, eis que Ivo toca para Sidinho marcar o gol que garantiu a entrada do Santa Cruz no exclusivíssimo rol dos clubes que já venceram a Seleção Brasileira.
Em 1934 o Santa goleou o Sport por 7x0 e a bola do jogo está guardada até hoje no Arruda
1935
Em 1935, o Santa Cruz voltou a sagrar-se campeão estadual, a final foi contra o Tramways, mas o jogo que realmente é lembrado é o clássico contra o Sport, que começou no dia 27 de outubro de 1935, mas só foi acabar no ano seguinte. Tudo por conta de uma confusão que seguiu-se ao segundo gol rubro-negro, que teria sido anotado com a mão.
Os tricolores revoltaram-se com a confirmação do gol, houve invasão do campo e um torcedor coral acabou rasgando a súmula, o jogo foi dado como encerrado, aos 37 do segundo tempo, a vitória levaria o Sport à final, já o empate favorecia ao Santa.
Campeões de 1935 - Dadá, Marcionillo e João Martins; Lulinha, Sherlock e Jayme Guimarães; Malaquias, Ottomar, Tará, Lauro Monteiro e Zé Pequeno
Após muita contestação junto à FPF, ficou acertado que os clubes voltariam a campo para jogar os oito minutos restantes, neles, o Santa conseguiu empatar e garantir sua vaga na decisão, disputada em dois jogo, contra o Tramways. No primeiro, empate por 4x4, no segundo 5x2 para os corais, com direito a três gols do ídolo Tará.
Nos quatro anos seguintes, o Santa Cruz voltou a repetir a falta de sorte dos primeiros campeonatos e sagrou-se vice-campeão em todos os quatro, a equipe só voltou a levantar a taça em 1940, conquistando assim o quinto título de sua história.
Em 1937 as camisas passaram a ter os nomes dos jogadores no peito
1940
A disputa daquele ano ficou entre Santa Cruz e Sport. O Tricolor levou o Primeiro Turno, o Rubro-Negro ficou com o Segundo, assim ambos foram para a decisão, já em 1941. O Santa venceu o primeiro jogo por 2x1, mas perdeu o segundo por 6x3, na terceira partida deu Santa novamente, 2x1, China e Henrique fizeram os gols do título.
Equipe-campeã de 1940
1941 - 1950
A década de 1940 não foi muito pródiga para o Santa Cruz em termos de títulos, apenas dois foram conquistados, os de 1946 e de 1947. Mas uma conquista não menos importante foi alcançada fora dos gramados.
Ao contrário dos demais clubes importantes do Recife, o Santa demorou para ter sua sede. Desde sua fundação, o clube sempre dependeu dos esforços de seus membros para conseguir recursos, ou da ajuda de terceiros. E foi assim que o clube ergueu seu patrimônio, com esforço e solidariedade de muitos.
Um das coisas que mais incomodavam os membros do Santa Cruz em seus primórdios era o fato de sempre ter que jogar nos campos adversários, visto que o clube não possuía uma praça de jogos próprias.
Durante muito tempo os "meninos" treinaram no campo do Derby, mas foi só em dezembro de 1929 que o clube conseguiu o primeiro campo próprio, no bairro de Afogados, mais precisamente na rua São Miguel. Porém, o novo endereço não durou muito, tendo ainda o clube se mudado para a Encruzilhada, até finalmente chegar ao Arruda.
A mudança para o bairro que hoje confunde-se com o clube deveu-se à falência de outro clube, o Centro Esportivo Tabajara, que tinha belíssimo campo na Rua das Moças. Para passar a utilizar o campo, o Santa teria que assumir uma dívida do clube extinto, além de pagar o aluguel ao dono do terreno, o sr. Arthur Lundgren. O presidente tricolor na época, o sr. Gonçalo de Melo, prontamente aceitou o acordo.
Porém, como o procurador do sr. Lundgren não aceitou o fiador apresentado pelo Santa Cruz e exigiu uma quantia relativa a um ano de aluguel como fiança para poder fechar o negócio. O clube não possuía o dinheiro, no entanto, José Fulgino de Melo, que mais tarde tornou-se presidente coral, fez o depósito em nome do Santa, que a partir daí passou a ser não só o Tricolor, mas sim o Tricolor do Arruda.
Terreno onde está construído o Arruda na década de 1940
O clube agora tinha um campo, mas ainda faltava uma sede social. Provisoriamente, utilizou-se a casa nº 34 da Rua das Moças para guardar objetos pertencentes ao clube. Mas a residência era por demais modesta para as pretensões daqueles que faziam clube, logo o objetivo passou a ser a casa localizada no nº 1285 da Avenida Beberibe, quase em frente ao campo.
Num acordo com o dono do imóvel, que envolveu uma campanha de arrecadação de recursos entre os torcedores, além da troca por outro imóvel, o Santa Cruz adquiriu assim sua primeira sede própria, no dia 24 de novembro de 1943. Posteriormente, a sede foi ampliada e reformada. Sendo esse o primeiro grande marco patrimonial do Mais Querido.
1946
Mesmo com tantas revoluções ocorrendo na parte física do clube, o futebol não foi esquecido. O Santa sagrou-se bicampeão em 1946 e 1947. No primeiro ano, o grande adversário foi o Náutico, na grande final, após um 0x0 no primeiro jogo, os alvirrubros abandonaram a competição, em protesto contra o árbitro indicado para a finalíssima, assim, o Tricolor do Arruda foi declarado campeão.
Time do Santa campeão de 1946
1947
No ano seguinte, após comandar o campeonato, o Santa bateu o América nos dois jogos finais e levantou sua sétima taça. Nos três anos seguintes, o Santa só conseguiu chegar a uma final, em 1949, mas o título não veio.
Equipe bicampeã em 1947
1951 - 1960
Nas décadas de 1950 e 1960, o Brasil passou por intensas transformações, o que acarretou num processo de modernização do país. As capitais cresceram com a chegada dos migrantes vindos do interior, o transporte e as comunicações passaram a ser mais abrangentes.
Tais transformações também se refletiram no futebol nacional. Até então, as competições entre clubes, resumiam-se aos estaduais, quando muito aos regionais, caso do Rio-São Paulo, que era disputado desde o início da década de 1950.
Isso se devia principalmente à dificuldade de transporte entre grandes distâncias, já que antes da popularização dos automóveis e mais tarde do avião, os deslocamentos eram feito ou de trem, ou de barco, o que tornava-se caro e demorado, dificultando a realização de competições em âmbito nacional.
A criação em 1959 da Taça Brasil foi um reflexo do novo tempo que vivia o país. O primeiro torneio de clubes nacional, na verdade, tinha pouco de nacional e muito de regional, já que os campeões das regiões é que se enfrentavam. Mesmo assim, tal competição foi o primeiro embrião do Campeonato Brasileiro, que seria criado na década seguinte.
1960
A primeira participação do Santa na Taça Brasil foi em 1960, como campeão Pernambucano, o Tricolor foi posto diretamente na semifinal, onde enfrentou e foi derrotado pelo Fortaleza, que acabou perdendo o título para o Palmeiras e essa foi a única vez que os corais figuraram no torneio.
Reprodução de jornal do Ceará sobre a derrota do Santa para o Fortaleza
Como a vaga para a competição nacional dependia do título estadual, o Santa ficou de fora da festa ao longo da década, tudo por conta do longo jejum que a Cobra-Coral enfrentou. Entre 1961 a 1968, o Tricolor chegou a apenas uma final, a de 1962, a qual perdeu para o Sport. Nesse período, o Santa viu os rubro-negros levantarem duas taças e o Náutico sagrar-se hexacampeão estadual.
As única conquistas tricolores no período foram em âmbito regional, como os torneios Pernambuco/Paraíba e Pernambuco/Bahia, ambos em 1961, além de uma versão embrionária do Norte/Nordeste, em 1967. Mas a torcida tricolor queria mais, queria voltar a ser hegemônica em Pernambuco, como havia sido nos anos 30.
Time de 1968 - Em pé: Naércio, Rivaldo, Zito, Birunga, Zé Júlio e Vilanova; agachados: Cuíca, Fernando Santana, Norberto, Luciano e Givanildo
1969
Desde o fim daquela década, o Santa havia conquistado apenas cinco títulos (1940/46/47/57/59), ou seja, cinco conquistas em quase trinta anos. Aquilo tinha que mudar e já em 1969, o Santa deu o primeiro pontapé daquele que seria o período mais glorioso a história do clube.
Equipe-campeã de 1969: Pedrinho, Norberto, Zé Júlio, Zito, Birunga e Ary; agachados: Fernando Santana, Facó, Mirobaldo, Luciano e Nivaldo
Naquele ano, o Náutico, que tentaria o hepta, ficou de fora da final, a decisão ficou a cargo de Santa Cruz e Sport. Foram quatros jogos decisivos. No primeiro, goleada coral, 3x0, no segundo, 0x0, no terceiro, vitória leonina por 2x0, na última partida, enfim o Tricolor pôde comemorar o título, após vencer por 2x1, com gols de Luciano e Facó. A campanha foi incontestável, 28 jogos com 20 vitórias, quatro empates e quatro derrotas, 78 gols marcados e apenas 22 sofridos.
Aquele seria o marco inicial de um período de domínio absoluto do Santa Cruz não só em Pernambuco, mas em todo o Nordeste. O trabalho feito pelos tricolores era sério. Dentro de campo, a gestão de Aristófanes de Andrade investia nos pratas-da-casa, fora dos gramados, o investimento era feito na estrutura de apoio ao elenco, como uma equipe de profissionais como nutricionistas, dentistas, médicos, psicólogos e assistentes sociais.
Luciano, "A Maravilha do Arruda", foi um dos maiores craques do Mais Querido
Quem ajudava a bancar a conta dos investimentos era o milionário descendente de ingleses James Thorp, presidente na gestão anterior a de Aristófanes e apaixonado pelo Santa Cruz. Um dos feitos clássicos do "mecenas" coral foi o prêmio concedido por ele aos jogadores, em gratidão ao fim do jejum: um automóvel Fusca para cada jogador.
James Thorp se destacou como presidente coral
Desta forma, o Santa dava fim ao seu jejum de conquistas e iniciava o período mais dourado de sua história. Como prêmio, foi convidado a participar do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, competição antecessora imediata do Brasileirão. Nela, o Santa enfrentou as maiores forças do futebol nacional, terminando na 14ª colocação entre 17 times.
1970 - 1979
A década de 1970 foi simplesmente perfeita para o Santa Cruz Futebol Clube. Dentro de campo o time alcançou níveis que o levaram a ser considerado um dos maiores do país, fora das quatro linhas, o clube, até então pobre em patrimônio, tornou-se uma potência, com a construção do Arruda.
1970
A década começou com a conquista do bicampeonato estadual. Em 1970, Santa Cruz e Náutico chegaram à final, após terem vencido um turno cada. Assim, em 6 de setembro, após um empate em 0x0 e uma vitória por 2x1, os tricolores venceram os alvirrubros por 2x0 e levantaram a taça. Como prêmio, mais uma participação no Torneio Roberto Gomes Pedrosa, com uma melhor colocação dessa vez, 12º lugar.
Campeões de 1970 - em pé: Detinho, Gena, Givanildo, Rivaldo, Antonino, Vila Nova; agachados: Cuíca, Fernando Santana, Ramón, Luciano e Derivaldo
1971
Em 1971, veio o tricampeonato. O Mais Querido venceu os dois primeiros turnos, mas o Terceiro acabou ficando com o Sport, assim, no dia 21 de julho, o Santa venceu os rubro-negros por 1x0 e conquistou seu terceiro título consecutivo, igualando o feito de 1931/32/33. Na campanha coral, foram registrados 16 jogos, com 12 vitórias, dois empates e duas derrotas, 30 gols marcados e nove sofridos.
No segundo semestre daquele ano, veio a disputa do primeiro Campeonato Brasileiro e o Santa foi um dos 20 times selecionados para compor a elite do futebol nacional. A campanha foi modesta, uma 15ª colocação, com três vitórias, onze empates e cinco derrotas.
Goleiro Detinho foi um dos melhores da sua posição na história do Mais Querido
O ano seguinte foi até então o melhor de toda história coral, iniciada em 1914. No Campeonato Pernambucano, o Tricolor ampliou sua hegemonia, chegando ao inédito tetracampeonato estadual.
A campanha foi soberba, o Santa venceu os dois turnos e sagrou-se campeão sem a necessidade de uma final, o título veio com duas rodadas de antecipação, com uma goleada de 4x0 sobre o Central, no dia 4 de maio. Os números da campanha só comprovam a superioridade, 20 vitórias, três empates e uma derrota em 24 jogos.
Campeões de 1971 - em pé: Gena, Rivaldo, Válter, Antonino, Detinho e Cabral; agachados: Cuíca, Givanildo, Fernando Santana, Luciano Veloso e Ramón
1972 - NASCE O MUNDÃO
Encerrado o Pernambucano, veio então a maior das festas tricolores naquele ano. No dia 4 de julho de 1972, o Santa Cruz inaugurou o estádio José do Rego Maciel, o Mundão do Arruda. A festa de inauguração foi marcada por um amistoso, contra o Flamengo, que terminou num empate sem gols. Um total de 47.688 pagantes assistiu o jogo.
Presidente Aristófanes de Andrade marcou época no Santa
A história da construção do Arrudão tem passagens idênticas às das demais conquistas do clube. Muito suor e dedicação de seus abnegados, que contaram com a ajuda de outros, para assim conseguir por em prática seus ideais. Homens como Aristófanes de Andrade, Gonçalo de Melo, Mariano Carneiro de Cunha, Henock Coutinho, André de Paula, Álvaro Mota, James Thorp, além da torcida, que também colaborou, foram fundamentais para que o projeto de Reginaldo Esteves fosse se desenvolvendo.
O Governo do Estado, na gestão de Eraldo Gueiros Leite, também ajudou o Santa Cruz, emprestando dinheiro para a conclusão das obras. Assim, não só o Santa, mas também todo o Estado de Pernambuco, pode se gabar de finalmente possuir um estádio de grande porte. Assim, Pernambuco pôde ser uma das sedes da Taça Independência, conhecida como a Mini-Copa, recebendo jogos de seleções internacionais. Hoje, os tricolores nada devem ao Governo, a não ser a gratidão.
Time que se sagrou tetra-campeão pernambucano em 1972
1973
Já com o Arruda construído, o Santa participou de seu segundo Campeonato Brasileiro, terminando na 16ª posição entre 26 equipes. O inesquecível desse Brasileiro é que Ramón marcou 21 gols e se sagrou artilheiro da competição. Em 1973, o Santa foi em busca do pentacampeonato e com um time fortíssimo, contando com nomes como Gena, Givanildo, Luciano, Erb, Fernando Santana e Ramón, o Mais Querido não pôde ser parado.
Atacante Ramón foi o primeiro artilheiro do Campeonato Brasileiro jogando em um time do Nordeste
O Santa por pouco não levou os três turnos, perdendo a final do último para o Sport, mas na finalíssima não houve chance para o rival. Santa 2x0, com dois gols de Ramón. O Tricolor ainda teve os dois principais artilheiros do certame, Luciano com 25 e Ramón, com 22 gols. No Brasileiro, porém, a campanha foi modesta, um novo 16º lugar, com direito a vitória sobre o Santos de Pelé, mas ainda assim, faltava para o time que dominava Pernambuco um resultado mais consistente em nível nacional.
Campeões de 1973 - em pé: Gena, Gilberto, Paulo Ricardo, Erb, Antonino e Botinha; agachados: Valmir, Fernando Santanta, Ramón, Luciano Veloso e Givanildo
1974
Veio 1974 e tudo pareceu desandar no Arruda. No Pernambucano, uma grande decepção. O Santa tentava igualar o Náutico, conquistando o hexa. O Tricolor venceu o Primeiro Turno, mas relaxou no Segundo, permitindo a reação do Náutico, que levantou o turno e na final, venceu o Santa por duas vezes, impedindo o Mais Querido de levantar sua sexta taça consecutiva. No Brasileiro, a pior campanha até então, um 35º lugar entre 40 times. Teria o Santa perdido o rumo?
1975
A resposta seria dada no ano seguinte, 1975. No Pernambucano, uma nova decepção, o Santa ficou de fora das finais e viu o arqui-rival Sport encerrar um jejum de doze anos sem conquistas, porém, no Brasileiro, o jogo iria virar. O time de Jair, Carlos Alberto Barbosa, Levir, Lula e Pedrinho; Givanildo e Carlos Alberto; Fumanchu, Ramón, Pio e Mazinho, começou mal, porém, ao longo da competição foi colecionando resultados memoráveis.
Volante Givanildo foi um dos maiores jogadores do Santa Cruz e da Seleção Brasileira nas décadas de 1960 e 1970
Dois deles simplesmente inesquecíveis, como a épica vitória sobre o Palmeiras, no Parque Antártica, por 3x2 e o 3x1 sobre o Flamengo, em um Maracanã lotado, o que custou ao time carioca a eliminação no torneio. Assim, o Santa chegou à semifinal, contra o Cruzeiro. Neste jogo, de arbitragem confusa, o Santa acabou eliminado, terminando na 4ª posição, no geral, mesmo de fora da final, o aquele time marcou época, era o Terror do Nordeste!
Formação coral em 1975 - em pé: Jair, Lima, Pedrinho, Levi, Renato e Givanildo; agachados: Fumanchu, Ramón, Nunes, Carlos Alberto e Zé Maria
1976
Em 1976, o Santa reconquistou seu domínio em Pernambuco e de forma extraordinária, sagrando-se bi-supercampeão. No Primeiro Turno, mesmo tendo aplicado uma goleada de 5x0 no Sport, o Santa deixou o turno na mão dos rubro-negros, levantou o Segundo e o Terceiro ficou com o Náutico. Na final, duas vitórias sobre os rivais por 2x0 deram ao Santa mais um título, o 15º da história. No Brasileiro, o Tricolor fez uma boa campanha, mas não conseguiu reeditar o feito de 1975, terminando na 11ª posição entre 54 times.
Campeões de 1976 - em pé: Gilberto, Carlos Alberto Barbosa, Pedrinho, Levir, Alfredo Santos e Givanildo; agachados: Betinho, Edson, Nunes, Jadir e Pio
1977
Em 1977, O Santa Cruz compensou a perda do título estadual com um bela campanha no Brasileiro, terminando em décimo entre 62 times.
Timaço de 1977 - em pé: Jair, Carlos Alberto Barbosa, Alfredo Santos, Fraga, Pedrinho e Lula; agachados: Betinho, Volnei, Mazinho, Nunes e Pio
1978
Em 1978, mais um ano glorioso. O título pernambucano veio sem maiores dificuldades e para completar a festa em três cores, uma belíssima campanha no Brasileirão.
O Santa Cruz fez uma campanha espetacular, chegando invicto às quartas-de-final, na qual enfrentaria o Internacional. No primeiro jogo, em Porto Alegre, vitória gaúcha por 1x0 e surpreendentemente, no Arruda, no segundo jogo, 2x1 Inter. As duas únicas derrotas do Santa lhe valeram a eliminação. No final, a 5ª posição no geral.
Equipe coral que foi bi-campeã pernambucana entre 1978/79 - em pé: Joel Mendes, Carlos Alberto Barbosa, Givanildo, Fraga, Pedrinho e Lula; agachados: Amilton Rocha, Betinho, Jadir, Ademar e Joãozinho
1979
Em 1979, o Santa conquistou o bicampeonato do Pernambucano de forma impressionante, vencendo os três turnos. No Brasileiro, uma campanha fraca redeu ao Tricolor apenas a 30ª posição. Assim encerrava-se a década de 1970, período recheado glórias tricolores, na qual além de conquistar sete dos dez títulos estaduais, o Tricolor fez grandes campanhas no Nacional e ergueu seu estádio. A época de ouro do Santa Cruz.
1980 - 1989
Após a espetacular década de 1970, o Santa Cruz começou a entrar em um período de decadência, uma crise que se agravaria ao longo da década de 1980 e que se tornaria crônica nos anos 90.
Se no início dos anos 70 procurou-se investir, inovar, trabalhar sério, nos anos seguintes tal mentalidade foi abandonada, o passado recente foi enaltecido, mas o presente foi esquecido, como resultado, o clube foi tornando-se obsoleto e ficando para trás.
Nos anos 80, ainda foi possível registrar algumas belas conquistas do Tricolor, principalmente na primeira metade da década, no entanto, começava ali um pesadelo, do qual, só aos poucos, os corais vão conseguindo acordar.
1980
No fim de 1979 o Mais Querido foi convidado para fazer uma excursão pela Ásia e Europa. Ao todo o Santa fez 12 jogos durante a viagem ao exterior e voltou para o Brasil invícto. Pelo feito, a CBF concedeu ao time coral o título de Fita Azul do Futebol Brasileiro.
Os jogos foram: Santa Cruz 5 x 1 Seleção do Kuwait
Santa Cruz 1 x 1 Seleção do Kuwait
Santa Cruz 3 x 0 Seleção do Bahrain
Santa Cruz 4 x 0 Seleção do Catar
Santa Cruz 4 x 1 Seleção do Catar
Santa Cruz 2 x 1 Seleção de Dubai
Santa Cruz 3 x 0 Seleção de Abu-Dhabi
Santa Cruz 3 x 0 Al-Aim (Emirados Árabes)
Santa Cruz 6 x 2 Nasser (Arábia Saudita)
Santa Cruz 3 x 0 Al Helal (Arábia Saudita)
Santa Cruz 4 x 2 Seleção da Romênia
Santa Cruz 2 x 2 Paris Saint-Germain (França)
Santa Cruz 1 x 1 Seleção do Kuwait
Santa Cruz 3 x 0 Seleção do Bahrain
Santa Cruz 4 x 0 Seleção do Catar
Santa Cruz 4 x 1 Seleção do Catar
Santa Cruz 2 x 1 Seleção de Dubai
Santa Cruz 3 x 0 Seleção de Abu-Dhabi
Santa Cruz 3 x 0 Al-Aim (Emirados Árabes)
Santa Cruz 6 x 2 Nasser (Arábia Saudita)
Santa Cruz 3 x 0 Al Helal (Arábia Saudita)
Santa Cruz 4 x 2 Seleção da Romênia

Santa foi destaque nos jornais no fim de 1979 por boa excursão que fez ao exterior
Já na temporada de 1980, o Santa tentaria o tricampeonato estadual, mas na final contra o Sport, uma derrota por 2x0 tirou dos tricolores a taça. No Brasileirão, o Santa fez uma campanha mediana. Enfrentou de igual para igual times como o grande Flamengo de Zico, mas no final, acabou apenas na 17ª posição.
1981
Em 1981, buscava-se agora recuperar a hegemonia estadual e melhorar a participação no Nacional, porém, tudo saiu da pior forma possível. A tragédia maior foi no Brasileirão. O Santa fez uma primeira fase belíssima, conseguindo expressivos resultados, como um 3x0 contra o Cruzeiro, no Mineirão. O time de Dadá Maravilha e companhia passou à segunda fase com méritos.
Na segunda etapa da competição, o Santa formou um grupo junto com Ponte Preta, Corinthians e Bahia. Na estréia, empate com a Ponte no Arruda, porém, já na partida seguinte, contra o Corinthians, em São Paulo, uma goleada por 4x1. Três dias depois, no dia 15 de março, outra goleada, 4x0 sobre o Bahia, no Arruda, ninguém poderia parar o Mais Querido.
Na rodada seguinte, uma derrota para a Ponte, mas que logo foi esquecida em virtude de uma nova vitória contra o Corinthians. Assim, na última rodada, a situação era tal que, para classificar-se, o Santa poderia ser derrotado na Forte Nova por até quatro gols de diferença. E o pior aconteceu. Em uma atuação vergonhosa, o Tricolor Pernambucano deixou escapar a classificação ao perder por 5x0. Um vexame que ainda hoje repercute.
Goleada sofrida pelo Mais Querido em 1981, diante do Bahia, ficou marcada negativamente na história coral
No Pernambucano, veio a primeira chance de redenção, quis o destino que cada um dos grandes vencesse um turno e a decisão fosse em um Super Campeonato, caso conquistasse o título, o Santa seria Tri-Supercampeão. Porém, nada feito. No primeiro jogo, um 0x0 com o Sport, no segundo, derrota para o Náutico, desta forma, o Tricolor foi eliminado. No último jogo, o Sport bateu o Náutico e conquistou seu Super Campeonato.
1982
Em 1982, ao menos uma grande alegria, no dia 1º de abril foi concluída a ampliação do Arruda que passou a ser um dos maiores estádios particulares do mundo, equiparando o Santa Cruz a potências do quilate de Barcelona, Real Madrid e Benfica.
Porém, dentro dos gramados, a fase continuava fraca. Após ficar em 3º lugar no Pernambucano de 1981, o Santa foi obrigado a disputar, pela primeira vez, a Segunda Divisão do Brasileirão e foi uma lástima. Em um grupo que tinha Campinense, CRB, Baraúnas, Sergipe e Central, o Tricolor só conseguiu ficar à frente do Baraúnas e foi eliminado. No estadual, os tricolores viram o Sport sagrar-se tricampeão, vencendo os três turnos.
Elenco coral de 1982
1983
Veio 1983 e as esperanças foram um pouco renovadas. Não ainda no primeiro semestre, quando novamente o Santa disputou a Segundona. Dessa vez, a campanha foi melhor, mas o desfecho foi tão trágico quanto no ano anterior. O Santa foi líder de seu grupo na primeira fase e na etapa seguinte, jogaria um triangular contra os desconhecidos Guarany de Sobral/CE e Uberaba/MG. Contra os cearenses, vitória por 3x1 no Arruda, já em Minas, algo inacreditável, o Santa foi arrasado, 5x0, e foi eliminado da competição.
Porém, no Pernambucano, o Santa Cruz lavou sua honra com um título épico. No Primeiro Turno, deu Sport, no Segundo, deu Náutico, assim, só restava ao Santa levantar o Terceiro e forçar o Supercampeonato. No entanto, o Mais Querido vinha mal, a reação só veio após a chegada do técnico Carlos Alberto Silva, que fez o time que contava com figuras ainda jovens, como Ricardo Rocha e Zé do Carmo.
Torcida coral festeja título dentro de campo
O Santa conquistou a última das seis fases do campeonato, assegurando assim sua vaga na final do Terceiro Turno, na qual venceu o Sport. A grande final foi aberta por um Santa x Sport, que acabou sem gols, mesmo placar de Náutico x Sport. Santa x Náutico entraram em campo sabendo que quem vencesse seria campeão, mas também que, se empatassem por um gol ou mais, fariam uma extra, resultado, 1x1.
Goleiro Luís Neto, meia Henágio e atacante Gabriel marcaram época no Mundão em 1983
Na partida extra, um novo empate em 1x1 no tempo normal e na prorrogação, empate sem gols, assim, a decisão foi para os pênaltis. Nas cobranças, mais equilíbrio, a coisa só veio ser decidida após o goleiro tricolor Luís Neto defender um pênalti confuso, no qual a bola quicou sobre a linha, mas não entrou, assim, coube ao zagueiro Gomes a honra de bater e tornar o Tricolor Tri-Supercampeão (1957 / 1976 / 1983).
Ricardo Rocha, campeão do Mundo pelo Brasil em 1994, foi revelado nas divisões de base do Arruda
Nos dois anos seguintes, o Náutico sagrou-se campeão estadual, assim, só restava ao Tricolor conseguir bons resultados em âmbito nacional. Em 1984, ao menos o time voltou a figurar na elite, fez uma boa campanha, mas acabou eliminado pelo Corinthians no saldo de gols, e terminou na 18ª posição. No ano seguinte, a pior participação do Santa até então, o time fez uma campanha ridícula, terminando em 43º entre 44 times.
Campeões de 1983 - em pé: Luís Neto, Henágio, Ivã, Bebeto, Peu, Henrique, Django, Birigüi e Ângelo; agachados: Gabriel, Marco Antônio, Ricardo Rocha, Zé do Carmo, Gomes, Edson Furquim, Almeida e o massagista Joca
1986
Em 1986, o Santa voltou a sentir o gostinho de ser campeão. O título veio após um empate em 0x0 com o Sport, na Ilha. Após o jogo, com a torcida tricolor ainda fazendo festa, as luzes do estádio foram apagadas, mas, mesmo no escuro, a festa seguiu até o Arruda. No Brasileirão, nova campanha fraca e um 27º lugar no geral.
Time do Santa campão de 1986 - em pé: Zé do Carmo, Birigüi, Marco Antônio, Ivã e Lotti; agachados: Jarbas, Marion, Neto, Romel e Tiziu
Goleiro Birigüi é considerado um dos melhores na sua posição com a camisa coral
Tricolor conquistou título diante do Sport na Ilha do Retiro
Torcida do Santa lotou as ruas do Recife para comemorar o título
1987
No ano seguinte, veio o bicampeonato, mais uma vez comemorado na Ilha do Retiro, após um empate por 1x1 com o Sport. No Brasileirão, após muita confusão com a CBF, que não queria organizar o campeonato naquele ano, foi criada a Copa União, pelo Clube do 13. Assim, o Santa foi convidado a disputar o módulo principal (Verde), junto com outros maiores 15 clubes do país. A campanha foi fraca, terminando o Santa em 14º.
Equipe de 1987 foi bi-campeão dentro da Ilha do Retiro - em pé: Luiz Neto, Ivan, Orlando, Ragner, Birigüi, Luís Oliveira e Zé do Carmo; agachados: Edson, Gabriel, Ataíde, Dadinho, Sérgio China, Gilson Gênio, Rinaldo, Duda e Lotti
Final foi muito disputada, mas o Tricolor foi quem fez a festa
Volante Zé do Carmo é até hoje lembrado como um dos maiores jogadores da história do Santa
Estádio da Ilha do Retiro, do Sport, foi transformada em casa de festa do Santa
Comemoração na Sede Social do Arruda foi incrível
1988
Em 1988, veio a tragédia maior para o Santa Cruz. O título em Pernambuco ficou com o Sport e no Brasileiro, veio rebaixamento à Segunda Divisão. Começava aí uma das fases mais difíceis da história do clube.
1989
Em 1989, o Santa ainda chegou a ver o Náutico novamente campeão e na Segundona, primeira de muitas decepções que se seguiriam, o Mais Querido, o Terror do Nordeste, começava sua via-crúcis sendo eliminado pelo Treze, no Arruda.
1990 - 1999
A década de 1990 começou bem para o Santa Cruz, com o título de 1990, pensou-se que aquela conquista poderia sinalizar que a crise seria passageira, que o clube ainda era forte e que logo voltaria a figurar na elite nacional, no entanto, nada disso se verificou na prática e a crise foi aumentando ano após ano, para tormento da maior torcida do Estado.
1990
Em 1990, a final foi contra o Sport. O Santa tinha um time jovem, formado na base ou em clubes da região, a típica receita de sucesso, que levou o clube ao seu auge nos anos 70. Após cada uma das equipes vencer um jogo decisivo, bastava ao Tricolor um empate na prorrogação e ele veio.
Missão cumprida dentro de casa, o objetivo agora era voltar à Primeira Divisão. Porém, com uma campanha medíocre, o Santa nem para a segunda fase passou, em um grupo que tinha Ceará, Moto Clube, Sport, Treze e Remo.
Campeões de 1990 - em pé: Eduardo, Tanta, Raul, Marcão, Mazo e Marinaldo; agachados: Ataíde, Leto, Mazinho, Marcelo e Wanks
Torcida coral fez a festa no Arruda diante do Sport
1991
Nos dois anos seguintes, só decepções no Arruda. O Sport sagrou-se bicampeão pernambucano, ambas finais contra o Náutico. Na Segundona, persistia o martírio coral. Em 1991, após bela campanha, o Santa chegou até às quartas-de-final, mas acabou eliminado pelo Americano/RJ.
1992
Em 1992, graças ao rebaixamento do Grêmio no ano anterior, as regras da Segunda Divisão foram alteradas para beneficiar os gaúchos, assim, inventou-se que 12 times seriam promovidos. Mesmo sem a ajuda da virada de mesa, o Santa fez uma bela campanha, chegando às semifinais, quando foi derrotado pelo campeão Paraná Clube.
Esse ano também ficou marcado como a despedida do, até então, atacante Rivaldo do Arruda. Revelado nas categorias de base do Santa e promovido aos profissionais em 1990, o jogador foi negociado com o Mogi Mirim/SP. Posteriormente o atleta se transferiu para a Europa e, em 1999, foi eleito o melhor do Mundo, quando atuava pelo Barcelona.
Rivaldo, eleito melhor jogador do Mundo em 1999, foi revelado no Arruda e vestiu a camisa coral até 1992
1993
Em 1993, algum alento para a torcida tricolor, tão acostumada a grandes conquistas, mas que agora via seu Mais Querido se apequenar em meio à crise. Numa final épica, o Santa conseguiu levantar o título estadual. A vantagem era do Náutico, que havia vencido o primeiro jogo, mesmo assim, os alvirrubros saíram na frente.
Só um milagre salvaria o Santa e ele aconteceu. Aos 38 minutos, o empate veio, com Fernando e aos 45 minutos, quando a torcida Timbu fazia festa e a Coral deixava o Arruda, Célio, que entrara no decorrer do jogo, bateu cruzado e virou para 2x1. Festa no Arruda e nas imediações, visto que muitos tricolores já haviam deixado o Mundão e voltavam desesperados às arquibancadas. Na prorrogação, empate sem gols e Santa Cruz, pela 22ª vez, campeão pernambucano.
Atacantes Célio e Washington e meia Fernando foram destaques do incrível título de 1993
Após o Pernambucano, o Santa voltaria à disputa da Primeira Divisão, no entanto, isso não se verificou na prática. O campeonato foi dividido em quatro grupos, aqueles que estavam na Primeirona em 1992, mais Grêmio, foram alocados nos grupos A e B, que foram tratados pela mídia como a real elite. Os demais, entre eles o Santa, ficaram no C e D.
A campanha tricolor foi fraca, terminando seu grupo, que contava com Ceará, Fortaleza, Náutico, Paysandu, Remo, Vitória e Goiás, na 6ª posição. Como os quatro últimos os grupos C e D caíam, a estadia do Santa na "elite", durou apenas um ano.
Elenco coral campeão de 1993 - em pé: Marcos Antônio, Marcelo, Júnior Cordel, Paulo Cézar e Quinho; agachados: Marcelinho, Hélio Paraíba, Washington, Fernando, Serginho e Marzo
Virada nos últimos minutos ficou marcada na história de Santa x Náutico
1994
Em 1994, novas decepções. O estadual foi decidido por Sport e Náutico, ficando a taça com os rubro-negros. Na Segundona, que passou a se chamar de Série B, eliminação na segunda fase, em um grupo que contava com Desportiva/ES, América/RN e Moto Clube. Na Copa do Brasil, outra eliminação, dessa vez para o Vasco.
1995
Em 1995, veio a promessa maior de sucessos tricolores na década de 1990. O Santa Cruz acertou um contrato de patrocino com a multinacional italiana Parmalat, que havia ajudado o Palmeiras a conquistar os Brasileirões e os Paulistas de 93 e 94, além de levar o desconhecido Juventude ao título da Série B de 1994.
Meia Luís Carlos e zagueiro Amarildo comandaram o Santa no título estadual de 1995
Para comemorar o acordo, foi programado um amistoso contra o uruguaio Peñarol, também patrocinado pela Parmalat, mesmo com a derrota por 1x0, tudo era motivo de festa no Arruda. A alegria só aumentou com a conquista do Pernambucano daquele ano, com uma campanha soberba, culminando com a vitória sobre o Náutico, na final, por 2x0.
Porém, na Série B, o "leite" tricolor azedou. A campanha na primeira fase empolgou, com o Santa terminando seu grupo na liderança. Já na segunda fase, em um grupo que tinha Central, Remo e Tuna Luso, o Mais Querido tombou, justamente diante do conterrâneo Central. Na última rodada, a Patativa venceu por 2x1, em Caruaru e eliminou o Santa.
Time campeão de 1995 - em pé: Amarildo, Da Silva, Missinho, Marco Aurélio, Paulo Ricardo e Quinho; agachados: Luís Carlos, Zé do Carmo, Hércules, André Jacaré e Serginho
1996
Chegava 1996 e com ele, mais sofrimento para a torcida. A eliminação frente ao Remo, na Copa do Brasil, foi o primeiro passo. No Pernambucano, após conquistar o Primeiro Turno, os corais deixaram o Sport levar os dois seguintes e após empates nos dois jogos finais, a taça foi para a Ilha. Na Série B, começava, mais uma vez, o sonho de voltar à elite.
Novamente, a campanha na primeira fase foi belíssima, com o Santa terminando na liderança em um grupo que contava com CRB, Náutico, América/RN e Central, além d éter o artilheiro da competição, o prata-da-casa, Maurício Pantera. Na segunda fase, um mata-mata contra o Moto Clube e nova desilusão, derrota em São Luís e empate num Arruda lotado, o sonho da Primeira Divisão foi adiado por mais um ano.
1997
Em 1997, um dos piores anos da história do Santa Cruz. No Pernambucano, resultados pífios como uma goleada por 4x0, em pleno Arruda, para o Recife só envergonhavam a Nação Coral. O título daquele ano foi mais uma vez para a Ilha, sem necessidade de final. No Nordestão, eliminação frente ao Vitória/BA e na Série B, uma luta feroz contra o rebaixamento, que só não veio por que o Central conseguiu ser pior que aquele time.
1998
Em 1998, mais um Pernambucano entregue sem luta para o Sport. No Nordestão, o Terror do Nordeste fez apenas figuração para América/RN e Vitória brilharem. Na Série B, por fim, o processo de sucateamento daquele que já havia sido um dos maiores clubes do país chegava ao seu ápice.
O Santa ficou em um grupo junto com Botafogo/SP, Criciúma, Sampaio Corrêa, Vila Nova e Volta Redonda. Na estréia, contra o Volta, uma humilhante goleada por 4x0. A ela, seguiram-se resultados fracos, com algumas poucas vitórias, todas em casa. A única coisa positiva em meio a tantos erros e vergonhas era a torcida tricolor, sempre ela. Em todos os jogos no Arruda, o público foi superior a 20 mil pagantes.
Assim, o Santa chegou á ultima rodada em uma situação calamitosa, já eliminado, precisava vencer para escapar da Série C. Nas arquibancadas, 55 mil tricolores cientes de seu papel fundamental para salvar o Mais Querido da maior das humilhações. Em campo, o time mostrava por que estava em tal situação, ao fim do primeiro tempo, 2x1 Volta Redonda.
Na segunda etapa, o Tricolor conseguiu o empate e pressionava. No desespero, o técnico Givanildo Oliveira lançou mão do zagueiro Rau, a ordem era simples, alçar bolas na are para o zagueiro tentar o gol no jogo aéreo. Para desespero e delírio dos 55 mil abnegados, a tática só veio funcionar aos 47 do segundo tempo, uma explosão de alegria poucas vezes vista tomou conta do Mundão, Santa 3x2 e o fantasma da Série C havia sido exorcizado.
Zagueiro Rau marcou gol que salvou o Santa da Série C em 1998
Após uma disputa judicial, o Santa ganhou os pontos da derrota na estréia, contra o mesmo Volta Redonda e classificou-se à fase seguinte, para enfrentar o Paysandu num mata-mata. Mas o time era muito fraco, mesmo com novos 55 mil tricolores no Mundão, a classificação não veio.
Aquele gol de Rau aos 47 do segundo tempo pareceu um aviso, a torcida, o clube, não mereciam tanto sofrimento. A sorte estava do lado tricolor, mas se algo não fosse feito, o pior fatalmente iria acontecer.
1999
Felizmente, algo foi feito e como no início da história do clube, por alguns meninos que amavam o Santa Cruz. Em 1999, assumiu a administração de Jonas Alvarenga, com propostas inovadoras, como aumentar o quadro de associados, além de muito marketing, com as contratações de grandes nomes, o principal deles, o argentino Mancuso.
Presidente Jonas Alvarenga deu nova cara ao Santa Cruz em 1999
Porém, dentro de campo, as coisas demoraram a se acertar. Na Copa do Brasil, uma humilhante eliminação em casa, frente ao Treze. No Pernambucano, as coisas melhoraram um pouco, com uma bela conquista no Segundo Turno, após vencer o Sport por 1x0, encerrando assim um jejum de três nos sem triunfos sobre o rival, mas, no entanto, o título acabou ficando com os rubro-negros.
Argentino Mancuso foi a grande contratação coral na temporada, mas os resultados demoraram para vir
Na Serie B, o time não conseguia engrenar, vencia em casa, sempre com casa cheia, mas perdia fora. Essa ordem só veio mudar quando o América/MG veio ao Recife e sapecou 5x1, em pleno Arruda. Foi o pontapé inicial para uma virada épica na história do Santa. Após a humilhação, uma vassourada levou alguns atletas que não honravam o clube, sobrou a prata-da-casa e mais alguns profissionais sérios, todos sob o comando de Nereu Pinheiro.
Incrivelmente, o time se recuperou, livrou-se da ameaça da Série C, mas chegou à última dependendo de uma combinação improvável de resultados, sendo o mais improvável deles uma vitória, fora de casa, contra o Sampaio Correa. E o primeiro de vários milagres aconteceu.
Treinador Nereu Pinheiro e seu assistente Charles Muniz ajudaram o Santa a se recuperar no Brasileiro
O Santa derrotou o Sampaio por 2x1, com um gol salvador de Batata e ajudado pelos outros resultados, conseguiu passar à fase seguinte. Batata era um prata-da-casa, de origem pobre, mas acima de tudo, tricolor, um símbolo daquele time, símbolo do que é ser coral, alguém que nunca desiste, não importando o tamanho da adversidade.
Batata não era o único, eram vários os outros meninos, assim como em 1914. Arley, Marcílio, César, Marquinhos, Marcelinho, Wellington, João Carlos também participaram, todos vindos da base. Junto com eles, nomes como Nilson, Tinho, Renato Carioca, Valdomiro, Janduir entre outros, todos eles escreveram seu nome na história do Santa Cruz.
Goleiro Nilson, volante Batata, meia Waldomiro e atacante uruguaio Cláudio Millar foram destaques em 1999
A campanha prosseguiu. O adversário da vez foi o São Caetano, então "bicho-papão" daquele campeonato. No primeiro jogo, vitória espetacular no Arruda, 1x0, 45 tricolores estavam lá. No segundo, derrota por 4x3, em São Caetano do Sul/SP. No último jogo, só a vitória interessava e ela veio com um gol de Wellington, 1x0 Santa.
O Tricolor chegou então ao quadrangular final, contra Bahia, Goiás e Vila Nova. N estréia, contra o Goiás, vitória por 2x1, com 55 mil corais fazendo a festa no Mundão, após uma derrota para o Bahia, em Salvador, nova vitória no Arruda, 2x1 no Vila Nova. Fora de casa, nova derrota, contra o Vila Nova, 1x0, contra o Bahia, no Arruda, uma vitória magnífica, 2x1, vista e festejada por 45 mil pagantes.
Zagueiro Tinho, capitão do time coral, que garantiu o acesso à Série A em 1999
Na última rodada, contra o Goiás, em Goiânia, um empate levaria o Tricolor de volta ao seu lugar, a elite. A festa foi preparada no Recife e após o 0x0, a galera foi ao delírio, O Santa havia conseguido retornar à elite, de forma heróica.
Acesso à Série A em 1999 foi muito disputado dentro de campo e conquistado na raça
Mais uma vez, a receita havia dado certo, Pratas-da-casa, auxiliados por jogadores de região e atletas mais experientes conseguiam êxito. Assim, chegava ao fim a década de 1990, a pior da história gloriosa do Santa Cruz, mas que se encerrava mostrando toda a força desse clube e de sua Nação de seguidores.
Começaria um novo milênio e com ele, a promessa de novos tempos de glória para o Santa Cruz Futebol Clube.
Time coral que garantiu o acesso à Série A - em pé: Marcelo Fumaça, Toninho, João Carlos, Renato Carioca, Helder, Nilson, Guilherme, Janduir, Marcílio, Tinho; agachados: Baiano, Marcelinho, Márcio Allan, Marquinhos, Eleomar, Waldomiro, Cláudio Millar e Arley
2000 - 2010
Depois de passar 11 anos lutando para retornar à Primeira Divisão do Brasileiro, durante as décadas de 1980 e 1990, o Santa Cruz saiu-se vitorioso, como sempre, graças ao amor e dedicação de seus abnegados e conquistou seu acesso. Os anos 2000 começavam com os tricolores cheios de esperanças de criarem no presente as glórias do passado.
Porém, as passagens do Tricolor pela Série A na década de 2000 foram curtas e trazem lembranças ruins. Para piorar, em 2008 o time coral acabou rebaixado para a Série D e atingiu o fundo do poço, machando a sua história de grandes conquistas.
2000
Em 2000, a primeira competição disputada pelo Tricolor esfriou um pouco o ânimo pela conquista do acesso à elite. Foi o Nordestão, na primeira fase o Santa era favoritíssimo num grupo que tinha Treze, Juazeiro e Miguelense/AL, porém, de forma inacreditável, o Mais Querido conseguiu ser eliminado.
A torcida desconfiou se aquele era realmente o início de um novo tempo para o Santa Cruz, ou se não se estava vendo apenas mais do mesmo. Veio o Pernambucano e após uma campanha fraquíssima no Primeiro Turno, o Santa viu o Sport conquistar a primeira etapa. Na segunda, o Tricolor ressurgiu.
O Santa fez uma bela campanha e levantou o turno, com direito a resultados épicos nos clássicos, como um 3x3 com o Náutico, quando perdia por 3x1 e empatou aos 47 do segundo tempo e principalmente a vitória por 3x2 sobre o Sport, no Dia das Mães, num jogo espetacular, com dois gols de Robgol e 50 mil pessoas no Arruda.
No segundo turno o Santa se sagrou campeão, mas perdeu o título na final
No Terceiro Turno, o Sport voltou a se sair melhor, assim, a final foi disputada entre os dois maiores rivais do futebol pernambucano. Àquela altura, os rubro-negros tinham o melhor time de toda sua história, enquanto o Santa começa um longo processo de reerguimento, mesmo assim, os tricolores lutaram até o fim, a derrota por 3x2 só foi consumada perto do encerramento do jogo, dando o pentacampeonato aos rivais.
Nos torneios nacionais, novas decepções. Na Copa do Brasil, eliminação frente a um combalido Fluminense, que voltava da Série C. No Brasileirão, uma nova confusão envolvendo a CBF atrapalhou a tão esperada volta coral à elite. Devido a uma briga na Justiça, envolvendo Botafogo e Gama, foi criada a Copa João Havelange, uma anomalia, que serviu para realocar grandes forças do futebol nacional em divisões mais aceitáveis.
Assim, Fluminense e Bahia voltaram à elite, Náutico e Fortaleza, entre outros que estavam na Série C, retornaram à Série B, além disso, o rebaixamento deixou de existir. Independente disso, o Santa Cruz tentou fazer seu papel na Série A, ou módulo Azul, como ficou sendo chamada a elite.
Atacante Robgol foi destaque com a camisa coral
O time até começou bem, empatando fora, vencendo a primeira em casa, contra o Vitória/BA, mas foram raras as vitórias, em compensação os empates se multiplicavam. O como o time pontuava pouco e não vencia, foi caindo para o fundo da tabela, o que só fazia aumentar a pressão.
Assim, não demorou para tudo desandar e o Santa fazer uma das mais vergonhosas campanhas em sua história na elite. Ao final, o Tricolor terminou como lanterna do torneio. De positivo, só a torcida, que apesar da campanha, esteve sempre presente, registrando uma das maiores médias de público da competição. Como não houve rebaixamento, no ano seguinte o Santa voltaria a estar na elite.
2001
Em 2001, o Tricolor buscava títulos. Para o Pernambucano, montou um bom time, que contava com um ainda desconhecido Carlinhos, que viria se tornar o Bala e fez a final contra o Náutico. No entanto, no segundo jogo da decisão, o Santa falhou, precisava vencer por um placar simples, mas foi derrotado por 2x0 e viu o rival encerrar um jejum de onze anos sem conquistas.
Tricolor perdeu o título estadual para o Náutico
No Nordestão, o Terror do Nordeste reeditou velhos clássicos da região, conseguiu vitórias expressivas contra tradicionais rivais, todas no Arruda, como um 6x0 sobre o ABC, 3x0 no Bahia, entre outras, mas fora de casa o Mais Querido só colecionou decepções e chegou à última rodada precisando vencer o Fortaleza, no Arruda. Carlinhos Bala abriu o placar, mas os cearenses empataram, o Santa continuou pressionando, mas num contra-ataque, sofreu a virada e a partir dela, a goleada, 4x1, decretando a eliminação pernambucana.
Meia Luizinho Vieira e atacante Joãozinho foram os destaques na temporada 2001
Na Copa do Brasil, o Santa foi eliminado pelo Grêmio, que se tornaria o campeão daquela edição. Já no Brasileiro, uma campanha fraquíssima, marcada por uma série de contratações equivocadas. Ao final, 25º entre 28 times e rebaixado, esse era o saldo do Santa. Como o Sport, lanterna, também caiu, Pernambuco, pela primeira vez, não teria representantes na elite.
Santa foi eliminado pelo Grêmio na Copa do Brasil
2002
Veio 2002 e, mais uma vez, os tricolores tiveram que esperar. No Nordestão, o Santa ainda conseguiu passar à semifinal, mas foi eliminado pelo Vitória/BA. Na Copa do Brasil, o carrasco foi o Vasco. No Pernambucano, mais uma vez o Santa teve melhor campanha, mas no entanto, ao chegar à final contra o Náutico, o time fracassou. No primeiro jogo, sofreu 3x0 em apenas 20 minutos, no segundo, chegou a estar vencendo por 2x0, com mais um gol sagraria-se campeão, no entanto, os alvirrubros diminuíram o placar e foram bicampeões.
Atacante Grafite foi o craque de 2002 e por pouco não levou o Santa de volta para a Série A
De volta à Série B, o Santa desde o início mostrou-se disposto à retornar à elite. Foi um bela campanha que rendeu ao Tricolor a vaga na fase seguinte. Nas quartas-de-final, contra o Avaí, 45 mil pessoas viram o Santa vencer e passar à semifinal, contra o também catarinense Criciúma. Porém, desta vez, o não deu para o Mais Querido, que foi derrotado por 1x0, diante de 50 mil tricolores no Arruda e por 3x0 em Criciúma, adiando o retorno à Série A.
2003
Em 2003, foi iniciado um processo de reformulação do elenco, sendo dadas oportunidades a vários pratas-da-casa, como Valença, Eriverton e Jaílson, em detrimento dos medalhões, que salários altos, como o goleiro Nilson. Os resultados não corresponderam. No Pernambucano, veio o título do Primeiro Turno, mas na final, contra o Sport, que venceu os dois seguintes, um empate em 2x2, conseguido na raça, deu o título aos rivais.
Em 2003 o Santa apostou em usar jogadores revelados na base, como o zagueiro Valença
Na Copa do Brasil, uma vergonhosa eliminação diante do Coríntians de Caicó/RN deu mais um toque de infelicidade nas campanhas daquele ano. Na Série B, mais uma campanha irregular, que culminou com a eliminação na segunda fase, num grupo que tinha Palmeiras, Brasiliense e Sport.
No fim do ano o Santa Cruz fez uma excursão pela Ásia onde participou do Torneio Vinausteel no Vietnã e sagrou-se campeão invícto. O time tricolor jogou cinco partidas, empatou uma e ganhou as outras quatro. Teve o melhor ataque, a melhor defesa, o maior saldo de gol, o artilheiro da competição e o melhor jogador.
Tricolor conquistou título internacional do Torneio Vinausteel no Vietnã
2004
Em 2004, o Santa Cruz comemoraria uma data importantíssima, o aniversário de 90 anos do clube. Nada melhor que encerrar o jejum de títulos, que já durava nove anos, conquistando o campeonato naquela data especial. Para tal, a diretoria investiu na contratação de uma "bomba", o jogador Iranildo.
Escudo comemorativo aos 90 anos do Mais Querido
Com ele em campo, o Santa levantou o Primeiro Turno, mas cedeu o Segundo ao Náutico. No primeiro jogo da final, o Santa venceu por 1x0, nos Aflitos, assim, na segunda partida, no Arruda, os corais podiam perder por até um gol de diferença que ainda assim levantariam a taça. Porém, um desastre se sucedeu. Com a bola rolando, o Náutico só precisou de cinco minutos para fazer dois gols. A torcida, incrédula, protestava. O Náutico ainda fez outro e foi mais uma vez campeão.
Meia Iranildo se destacou a camisa do Santa em 2004, mas não conseguiu levar o time ao título
Na Copa do Brasil, o Santa caiu diante do Flamengo, principalmente por ter poupado jogadores no primeiro jogo, em virtude da final do estadual. Na Série B, uma reedição de 2003. O time fez uma campanha irregular, vencendo em casa e perdendo fora, classificou-se, mas acabou eliminado em um grupo que ainda contava com Brasiliense, Ituano e Fortaleza.
2005
Chegou 2005 e a torcida já não agüentava mais. Até que, finalmente, decidiu-se fazer o certo no Arruda. O técnico chamado para montar o time foi Givanildo Oliveira. Giva seguiu à risca os mandamentos de formar um time mesclando jogadores experientes vindos de outros estados, pratas da casa e atletas da região, deu tudo certo.
Tricolor foi arrasador no Estadual e venceu os dois turnos - em pé: Valença, Cléber, Carlinhos Paulista, Rosembrick, Edvan, Wilton Pantera, Roberto, Anderson, Adauto, Baiano, Zada e Zé Afonso; agachados: Andrade, Neto, Paulinho, Osmar, Carlinhos Bala, Peris, Camilo, Alemão, Tiago e Otacílio
O Santa foi simplesmente arrasador no Pernambucano, venceu os dois turnos de forma incontestável. O título veio com uma rodada de antecipação, em Petrolina, com a vitória de 2x1 sobre o time da casa. No Recife, a festa tomou conta da cidade, estava encerrado o jejum de conquistas coral, o Santa voltava a ser o dono de Pernambuco.
Torcida fez festa no aeroporto para receber a delegação coral
Na Copa do Brasil, a eliminação diante do Cruzeiro serviu para deixar todos em alerta para a principal batalha do ano, a Série B. Mais uma vez, o Santa não tomou conhecimento dos adversários e seguiu até o fim da primeira fase como líder absoluto, conquistando expressivos resultados ao longo do caminho, como um 4x2, no Bahia, em plena fonte Nova.
No primeiro quadrangular, Avaí, Santo André e Grêmio foram os adversários e o Santa não tomou conhecimento de nenhum. No Arruda, sempre com casa cheia, três vitórias, fora de casa, vitória em Santa Catarina, empate em Santo André e derrota no Sul. Com méritos, o Santa estava entre os quatro melhores.
Atacante Carlinhos Bala e meia Rosembrick foram os destaques do Santa na temporada
No quadrangular final, um resultado inesperado, logo na estréia, derrota por 4x1 frente à Portuguesa, em São Paulo. No segundo jogo, no Arruda, empate em 1x1 com o Grêmio. A situação do Santa ficou complicadíssima, só restava vencer os dois clássicos contra o Náutico, para continuar sonhando com a elite.
No primeiro dos dois jogos históricos, nos Aflitos, a torcida tricolor teve um papel fundamental, incentivando a equipe do início ao fim, mesmo em minoria no estádio, fez-se ouvir durante todo o jogo. Dentro de campo, o time correspondeu, vencendo por 2x0, conseguindo assim um novo ânimo para os jogos restantes.
Goleiro Cléber ajudou o Mais Querido a fazer grande campanha em 2005
No jogo seguinte, nova vitória tricolor, por 1x0, gol de Paulinho, centésimo do Santa no ano. Assim, com mais uma vitória o Tricolor estaria de volta na Série A. Poderia ser contra o Grêmio, em Porto Alegre, mas depois de um belo primeiro tempo, o time apagou e perdeu por 2x0.
Quis o destino que a decisão fosse no Recife. No Arruda, o Santa enfrentava a Portuguesa, nos Aflitos, Náutico e Grêmio lutavam pela outra vaga. Os 65 mil tricolores no Arruda levaram um susto quando a Portuguesa fez 1x0, mas logo em seguida, o artilheiro Reinaldo marcou duas vezes, com passes de Carlinhos Bala e Rosembrick e o Mais Querido garantiu assim sua vaga na elite.
Reinaldo marcou o gol do Santa diante da Portuguesa, que garantiu o acesso à Série A
Ao fim da competição, além da vaga, o Santa tinha a melhor campanha e os dois principais artilheiros, Reinaldo e Carlinhos Bala. Sem falar nos vários ídolos, como Cléber, Osmar, Xavier, Valença, Rosembrick, entre outros que participaram da campanha. O título só não veio por que o Grêmio derrotou o Náutico de forma inacreditável e ficou com a taça.
2006
Porém, mesmo após tantas conquistas, o clube não conseguiu sair da crise financeira e em 2006, os investimentos foram baixos. No Pernambucano, o título foi perdido para o rival Sport nos pênaltis, após uma vitória heróica no tempo normal. Na Copa do Brasil, uma eliminação para o Vitória/BA, então na Terceira Divisão, foi bastante sentida.
Na final de 2006 o Santa enfrentou o Sport, mas foi derrotado nos pênaltis
No Brasileiro não foi diferente. Lutando contra os maiores times do Brasil, o Tricolor fez uma campanha ruim, apesar de ter tido alguns bons momentos, e acabou sendo rebaixado para a Série B, dando início a maior série de derrotas da história do clube.
Torcida coral deu espetáculo nas arquibancadas, mas o time não correspondeu em campo
Atacantes Jorge Henrique e Nenê foram os destaques no Brasileiro
2007
Em 2007 a torcida pela primeira vez conseguiu tirar a situação do poder e elegeu o Édson Nogueira, candidato da oposição, como executivo do clube. A esperança de mudança dos tricolores não se realizou e esse acabou sendo um péssimo ano para os corais. No Estadual o time amargou um sétimo lugar - pior colocação da história do Santa na competição - e na Copa do Brasil o Tricolor foi eliminado pelo Ulbra Ji-Paraná/RO, perdendo os dois jogos.
Édson Nogueira foi eleito presidente e passou de herói a vilão em poucos meses
Reformulado em campo, na Série B o Santa começou a bem competição. Contando com os gols do inspirado atacante Marcelo Ramos, o time coral se valia das vitórias dentro do Arruda para brigar pela vaga de acesso à elite. Porém, com as transferências de Marcelo Ramos e do lateral Piauí para o Atlético Paranaense, o time do treinador Mauro Fernandes começou a cair na tabela.
Atacante Marcelo Ramos marcou época com a camisa do Mais Querido
Nem mesmo a chegada do atacante Kuki, ídolo do Náutico, no Arruda conseguiu reverter a situação e o time que brigava para subir até a 32ª rodada passou a lutar contra o rebaixamento, que se tornou inevitável na penúltima partida, diante do Criciúma/SC.
Treinador Mauro Fernandes ficou marcado por ter comandado o Santa no rebaixamento para a Série C
A torcida coral sentiu pela primeira vez o gosto amargo da Série C e sequer imaginava o que ainda estava por vir.
2008
O ano de 2008 o Santa conseguiu se transformar em um pesadelo ainda maior que o de 2007. No Estadual o time do Arruda não passou sequer para o hexagonal de disputa do título e teve de se contentar em apenas não ser rebaixado. O único ponto positivo foi a contratação do meia Carlinhos Paraíba, junto ao Nacional/PB, que viria a se tornar um dos craques do futebol brasileiro no futuro.
Meia Carlinhos Paraíba virou xodó da torcida coral, apesar dos resultados ruins
Na Copa do Brasil decepção em dose dupla. No gramado o Tricolor foi eliminado na primeira fase pelo Fast Clube/AM depois de perder a primeira partida por 3 x 1 e vencer a segunda somente por 1 x 0. A segunda decepção foi a necessidade de atuar no jogo em casa dentro da Ilha do Retiro, porque a comissão patrimonial do Mais Querido não conseguiu enviar os laudos de segurança do Arruda a tempo para a CBF.
Tricolor chegou ao fundo do poço em 2008 e foi rebaixado à Série D
No Brasileiro o Santa acreditava que iria ser a sensação da Série C e que iria rapidamente voltar a segundona, mas a história se mostrou diferente. Em campo o time não empolgou e acabou eliminado na segunda fase da competição. Para piorar, a CBF estabeleceu que dos 64 participantes do torneio, quarenta e quatro seriam rebaixados para a criação da Série D e esse foi o destino do Mais Querido.
2009
Novamente em 2009 a torcida jogou toda a sua esperança em um novo presidente. Fernando Bezerra Coelho, Secretário de Desenvolvimento de Pernambuco, assumiu a função de executivo e implantou uma nova cultura de gestão no Arruda.
Presidente Fernando Bezerra Coelho ficou marcado na história por ter viabilizado reforma no Arruda
O novo presidente focou suas forças em reformar o Mundão e fazer um time competitivo. Nos dois lados FBC, como ficou conhecido, foi bem sucedido até o fim do primeiro semestre. O estádio do Arruda foi completamente reformado e no mês de junho recebeu um jogo das eliminatórias da Copa do Mundo de 2010.
Estádio do Arruda passou por grande reforma em 2009
No Pernambucano, sob o comando do treinador Márcio Bittencourt, o time coral foi bem, mas não chegou a brigar pelo título, acabando o torneio na terceira colocação. Já na Copa do Brasil o Tricolor foi eliminado novamente na primeira fase, dessa vez pelo Americano/RJ com duas derrotas (2x0 e 4x2).
Time de 2009 teve apenas campanha regular no Estadual e não conseguiu acesso à Série C - em pé: Thiago Mathias, Leandro Camilo, Adílson, Roger, Alexandre Oliveira e Bilica; agachados: Marcelo Ramos, Anderson Pedra, Márcio Bastos e Parral
Na disputa da Série D o Santa começou arrebatador goleando o CSA em Maceió por 3 x 0, mas nas rodadas seguintes não conseguiu mais vencer e foi eliminado precocemente do torneio, se tornando a maior decepção do ano.
Nas arquibancadas a torcida coral mostrou novamente sua força e colocou uma média de 38.246 pagantes por jogo no Arruda, sendo a terceira maior média de todas as divisões do Brasileiro, perdendo apenas para o Flamento (40.035) e Atlético/MG (38.761).
Mundão do Arruda ficou lotado em quase todos os jogos de 2009 e Santa teve a maior média de público do país (38.246 pagantes por jogo)
2010
No ano de 2010 o Tricolor novamente conseguiu fazer um time competitivo e chegou às semifinais do Campeonato Pernambucano, mas acabou eliminado pelo Náutico, nos Aflitos. Com o folclórico atacante Brasão no comando do setor ofensivo, o time coral ganhou as manchetes nacionais.
Time de 2010 não empolgou - em pé: Joelson, Édson Miolo, Allysson, Leandro Cardoso, Léo e Gutti; agachados: Elvis, Brasão, Baiano, Goiano, Jackson
Na Copa do Brasil o Santa chegou a empolgar a torcida eliminando o Botafogo/RJ na segunda fase do tornei, em pelno Rio de Janeiro, com um gol aos 45 do segundo tempo. Na volta para o Recife o time coral foi recebido com festa pelos torcedores, mas acabou eliminado pelo Atlético/GO, que chegou até as semifinais da competição e disputou a Série A do Brasileiro.
Na Série D, sob o comando do ídolo Givanildo de Oliveira, o Mais Querido começou bem o torneio e garantiu a segunda colocação na primeira fase, perdendo apenas um jogo. Na segunda fase encarou o Guarany/CE, em uma partida histórica, e depois de estar perdendo por 2 x 0, conseguiu vencer por 4 x 3, mas como o gol na casa do adversário era critério de desempate, o time cearense foi tranquilo para a segunda partida e venceu por 2 x 0.
Guarany de Sobral impediu o Santa de brigar pelo acesso da Série C
Neste ano o Campeonato do Nordeste foi retomado, mas, sendo disputado em paralelo ao Brasileiro, as equipes passaram a utilizar times reservas ou de juniores no torneio. O Santa também fez o mesmo e terminou na 7ª colocação entre os quinze participantes.
2011 - 2013
Depois de chegar ao fundo do poço e parar na Série D, a última divisão do futebol brasileiro, o Tricolor mostrou sua força e se recuperou em três temporadas. O clube engrenou uma série de títulos e acessos que reconquistou o orgulho da torcida e colocou o Santa de volta na mídica nacional.
2011
Logo no início de 2011, já sob o comando do presidente Antônio Luiz Neto, que foi eleito no fim de 2010, o Mais Querido apostou na contratação do treinador Zé Teodoro e na montagem de um elenco mesclando jogadores das divisões de base, como o zagueiro Everton Sena, os meias Renatinho e Natan, e o atacante Gilberto, e atletas mais experientes, como o goleiro Tiago Cardoso e o volante Jeovânio.
Presidente Antônio Luiz Neto e o treinador Zé Teodoro: parceria que deu certo
Apesar da desconfiança inicial, a mistura deu certo e o Tricolor se classificou para as semifinais do Estadual com facilidade. Nas semifinais o Santa enfrentou o Porto e venceu os dois jogos, enquanto que o Sport eliminou o Náutico. Como o Mais Querido fez a melhor campanha, o primeiro jogo da final foi na Ilha e o segundo no Arruda.
No primeiro embate, na Ilha do Retiro, o Santa partiu para cima do Sport e venceu com tranquilidade por 2x0, com gols dos atacantes Gilberto e Landú, fazendo a festa da torcida coral que esteve presente no estadio adversário.
Santa não tomou conhecimento do Sport na Ilha do Retiro: em pé: Thiago Mathias, Tiago Cardoso, Everton Sena, Cléber Goiano, Leandro Souza e Gilberto; agachados: Renatinho, Natan, Jeovânio, Landú e Weslley
Torcida tricolor fez a festa na Ilha do Retiro
A grande decisão foi realizada no Arruda, no dia 15 de maio. O Mundão ficou lotado, com mais de 62 mil pagantes, em sua grande maioria tricolores. Podendo até perder por um gol de diferença para levantar o troféu, a confiança dos jogadores do Santa era grande, enquanto que os rubro-negros partiram para o desespero.
Atacante Gilberto foi o craque do Santa no Pernambucano e depois foi negociado com o Internacional/RS
Time campeão de 2011: em pé: Diego Lima, Tiago, Marcus Vinícius, Leandro Souza, Everton Sena, Memo, Léo, André Oliveira, Tiago Cardoso; agachados: Landú, Gilberto, Natan, Jeovânio, Renatinho, Thiago Cunha, Weslley, Têti e Rodrigo Grahl
O Mais Querido foi senhor das ações durante os 90 minutos de jogo, mas não conseguiu balançar as redes. No último minuto do confronto o árbitro Sálvio Spinola marcou um pênalti para o Sport, que fez 1x0, mas não conseguiu comemorar, pois o juiz encerrou o jogo logo que a bola entrou no gol. A festa no Mundão foi enorme e o Santa mostrou para todos que estava vivo novamente.
Santa só esperou o apito final para fazer a festa no Mundão
Mais de 62 mil tricolores lotaram o Arruda para comemorar o título de campeão
Jogadores fizeram a festa com o troféu no gramado
Pela Copa do Brasil o Santa eliminou o Corintians de Caicó/RN na primeira fase e logo depois foi obrigado a encarar o São Paulo/SP. No primeiro jogo no Arruda o Terror do Nordeste venceu pelo placar de 1x0, com gol de Gilberto. Porém, no segundo confronto, os paulistas venceram por 2x0 e eliminaram o Santa. A partida ficou marcada pela grande defesa de Tiago Cardoso na cobrança de penalidade do goleiro Rogério Ceni.
Na Copa do Brasil, Santa foi eliminado pelo São Paulo em 2011
Se no Campeonato Estadual a vida do Mais Querido foi relativamente fácil, no Brasileiro a história foi diferente. Apesar de ter mantido a base do elenco campeão, o Tricolor perdeu o atacante Gilberto, que foi vendido para o Internacional/RS. A Série D se mostrou um torneio complicado, já que as decisões eram em sistema de mata-mata, que não permite nenhum erro.
Na primeira fase o Mais Querido terminou na segunda posição, atrás do Santa Cruz do Rio Grande do Norte, e na segunda fase teve que encarar o Coruripe/AL. No Arruda o Tricolor venceu por 1x0, com gol do atacante Thiago Cunha, e em Alagoas a partida terminou empatada em 0x0.
A terceira fase já era decisiva e quem vencesse estaria automaticamente na Série C. O Tricolor encarou o Treze/PB e não teve vida fácil. No primeiro confronto, em Campina Grande, o Santa chegou a estar perdendo por 3x1, mas conseguiu um empate heróico e trouxe a decisão para o Recife.
Em Campina Grande o Santa estava perdendo por 3x1 para o Treze/PB, mas conseguiu o empate e levou vantagem para o Arruda
No Arruda o jogo da volta foi muito nervoso e o Santa Cruz não conseguiu balançar a rede durante todo o jogo, mesmo estando com dois atletas a mais em campo. Porém, como o Treze também não conseguiu, a partida terminou 0x0 e o Mais Querido conquistou o tão esperado retorno à Série C.
Time que garantiu o acesso à Série C: Dutra, Eduardo Arroz, Fernando Gaúcho, Leandro Souza, André Oliveira, Memo, Tiago Cardoso, Bismark, Renatinho, Thiago Cunha e Weslley
Jogadores comemoraram bastante o tão sonhado retorno à Série C
Cerca de 60 mil tricolores foram ao Arruda prestigiar o Mais Querido
Na sequência do torneio o Santa eliminou o Cuiabá/MT nas semifinais e chegou à grande decisão contra o Tupi/MG, mas acabou derrotado nos dois jogos e ficou apenas com o vice-campeonato.
2012
Para manter o embalo das conquistas a receita no Arruda foi manter a mesma base do time vencedor de 2011 e contratar algumas atletas para melhorar a qualidade da equipe. E o ano começou provando que o resultado não seria diferente.
Artilheiro, Dênis Marques conquistou o carinho da torcida tricolor com muitos e belos gols
Com Dênis Marques no comando do ataque o Santa empolgou e terminou a primeira fase do Estadual na segunda posição. Dessa vez o adversário nas semifinais foi o Salgueiro. Os confrontos foram difíceis e o Tricolor perdeu o primeiro jogo por 2x1, mas venceu o segundo por 3x1 e se classificou para a decisão.
Novamente a final foi contra o Sport, porém, dessa vez os rubro-negros tinham a vantagem de decidir na Ilha. No primeiro embate, no Mundão, a partida terminou em 0x0, apesar do Santa ter sido bem superior em campo. Com esse resultado só uma vitória no segundo jogo daria o título ao Tricolor.
No primeiro jogo da decisão Santa e Sport não saíram do 0x0
No confronto decisivo, na Ilha do Retiro, o Santa Cruz mostrou sua força novamente e não tomou conhecimento do Sport, sagrando-se bicampeão. Com Dênis Marques inspirado, o Tricolor esteve sempre à frente do marcador e venceu por 3x2. Além dele, Branquinho e Luciano Henrique marcaram os outros gols, para delírio da torcida que esteve presente no estádio adversário.
Goleiro Tiago Cardoso foi um dos maiores de sua posição na história do Santa
Time bicampeão em 2012 - em pé: Diego Lima, Chicão, Vágner, Memo, William Alves, Leandro Souza, Léo, Tiago Cardoso e Geílson; agachados: Branquinho, Flávio Caça-Rato, Natan, Anderson Pedra, Carlinhos Bala, Renatinho, Dênis Marques, Luciano Henrique e Sandro Manoel
Meia Luciano Henrique pintou e bordou com o goleiro Magrão e marcou o gol do título
Festa tricolor foi grande dentro da Ilha do Retiro
Já na Copa do Brasil o Terror do Nordeste teve uma participação bisonha e foi eliminado pelo Penarol/AM, depois de vencer fora de casa e perder em pleno Arruda. O feito dos amazonenses arrancou aplausos da torcida tricolor, que reconheceu o esforço dos adversários.
Pela Copa do Brasil o Mais Querido foi eliminado pelo Penarol/AM
Embalado pelo Bicampeonato Estadual, a expectativa de todos no Arruda era que no Campeonato Brasileiro da Série C o Mais Querido fosse o grande time da competição, mas não foi isso que se viu.
O torneio estava marcado para começar em maio, mas um imbroglio jurídico envolvendo o Treze/PB e o Rio Branco/AC paralizou a competição antes mesmo do início e prejudicou o planejamento coral.
Santa não teve sucesso no Brasileiro de 2012 e foi eliminado na primeira fase
Depois de solucionada a briga jurídica, o Campeonato começou em julho e o Tricolor não conseguiu reeditar o seu melhor futebol, sendo eliminado já na primeira fase da competição. A eliminação precoce deixou o time sem atividade por dois meses, o que prejudicou o faturamento do clube e iniciou uma crise política.
A pressão foi tão grande que o treinador Zé Teodoro acabou deixando o Arruda depois de 2 anos de trabalhos vitoriosos.
Zagueiro Éverton Sena, meias Natan e Renatinho e o Volante Memo, revelados nas divisões de base do Arruda, entraram para história do clube e participaram das maiores conquistas da década de 2010
2013
Depois de um início de crise no fim de 2012, por não ter conseguido o retorno à Serie B do Brasileiro, o Tricolor trocou de comando e iniciou o ano com o ex-goleiro Marcelo Martelotte como treinador. O Santa conseguiu novamente manter a base do time bicampeoão estadual, o que facilitou a vida do técnico.
Temporada de 2013 começou com novo comandante: Marcelo Martelotte, ex-goleiro que fez sucesso com a camisa coral
O ano começou com a Copa do Nordeste e o Mais Querido fez boa campanha na primeira fase, terminando em primeiro no seu grupo. Porém, nas quartas de final, o Santa encarou o Fortaleza/CE e acabou sendo eliminado. No primeiro jogo, no Ceará, empatou em 3x3, mas no confronto no Arruda levou um gol aos 45 do segundo tempo e perdeu por 2x1, sendo eliminado.
A permanência de Martelotte foi questionada no Arruda, mas o início do Campeonato Pernambucano fez bem ao treinador e sua equipe. O Santa fez uma boa fase classificatória e terminou na terceira colocação, com apenas um ponto a menos que o primeiro colocado.
Na semifinal o Terror do Nordeste encarou o Náutico e não teve vida fácil. No primeiro confronto, no Arruda, o placar terminou em 1x0 com um golaço do meia Renatinho. Já no embate dos Aflitos, o Santa teve dificuldades e foi derrotado por 2x1, mas acabou classificado para a final por ter feito um gol na casa do adversário.
Renatinho marcou um golaço na semifinal do Pernambucano diante do Náutico
Jogadores corais festejaram demais dentro dos Aflitos a classificação para a final do Estadual
Na outra semifinal o Sport eliminou o Ypiranga com facilidade e chegou com muita confiança para a decisão, mas o Santa tinha uma dupla inspirada em campo - Flávio Caça-Rato e Dênis Marques - e venceu o primeiro jogo, no Arruda, por 1x0. No lance do gol Caça deu um lindo passe de calcanhar e Dênis Marques mandou no ângulo, indefensável para o goleiro Magrão.
Time tricampeão de 2013 - em pé: Luciano Sorriso, William Alves, Dênis Marques, Renan Fonseca, Tiago Cardoso; agachados: Tiago Costa, Flávio Caça-Rato, Renatinho, Everton Sena, Raul e Anderson Pedra
Dênis Marques marcou um golaço no Arruda e deixou Magrão estático na barra
Torcida coral lotou o Mundão mais uma vez
No jogo decisivo, na Ilha do Retiro, o Santa precisava apenas de um simples empate para levantar a taça, mas o Tricolor foi impiedoso e venceu pelo placar de 2x0, sem dar chances para os rubro-negros. O primeiro gol foi marcado pelo xodó da torcida, Flávio Caça-Rato, e o segundo pelo volante Sandro Manoel.
Flávio Caça-Rato marcou o primeiro gol coral na Ilha do Retiro
Volante Sandro Manoel avançou para o ataque e fez o gol do tricampeonato do Mais Querido em 2013
Jogadores fizeram a festa, mais uma vez, na Ilha do Retiro
A conquista do tricampeonato estadual, em cima do seu maior rival, foi motivo de muita alegria e comemoração para a torcida coral, que novamente fez a festa na Ilha do Retiro.
Multidão tricolor comemora mais um título na casa do rival
Pela Copa do Brasil o Santa eliminou o Guarani/CE com duas vitórias e enfrentou o Internacional/RS na segunda fase, que tinha grandes craques no elenco, como o argentino D`Alessandro e o uruguaio Forlán. No primeiro confronto o jogo terminou empatado em 0x0, mas no segundo, em Porto Alegre, o Inter venceu por 2x0 e eliminou o Tricolor.
Embalado pela conquista do tricampeonato o Santa Cruz partiu para o Brasileiro de 2013 com toda a força em busca do acesso, mas acabou perdendo o treinador Marcelo Martelotte e o volante Anderson Pedra para o Sport, além do zagueiro William Alves para o Náutico.
Quem assumiu o comando do time coral foi o ex-zagueiro Sandro Barbosa, que havia sido auxiliar de Zé Teodoro em 2011/2012. Porém, com a chegada de Sandro o time coral não conseguiu render em campo e amargou péssimos resultados no Brasileiro.
Vendo que seu time dificilmente conseguiria o acesso, Sandro deixou o Arruda e o treinador Vica assumiu o time. A chegada do novo comandante mexeu com o elenco e o Santa se recuperou na tabela.
Treinador Vica assumiu a responsabilidade de levar o Santa de volta à Série B
Com uma boa sequência de resultados o Tricolor terminou a primeira fase do torneio na liderança e se classificou para as quartas-de-final. O destaque do time era o atacante André Dias, que assumiu a vaga de Dênis Marques no time.
Experiente atacante André Dias se destacou no Brasileiro pelo Santa
Na decisão para ver quem conseguiria o acesso à Série B o Santa teve pela frente o Betim/MG, que estava há 9 partidas invicto. O primeiro jogo foi em Minas Gerais e foi bastante difícil, mas o placar terminou em 1x0 para o Mais Querido, com um golaço do lateral Tiago Costa.
Tiago Costa marcou o gol da primeira partida decisiva contra o Betim/MG
O jogo decisivo do acesso à Série B foi realizado no dia 03 de novembro, no Arruda. Para garantir a vaga o Santa precisava apenas de um empate com o time mineiro, mas começou logo na frente com um gol de André Dias. Quando tudo parecia tranquilo o Betim empatou e pressionou o Mais Querido em seu campo de defesa. O gol da vitória coral só aconteceu aos 44 minutos do segundo tempo e, como não podia deixar de ser, foi marcado por Flávio Caça-Rato.
Time que garantiu o acesso à Série B: em pé: Ewerton Heleno, Tiago Cardoso, Everton Sena, Renan Fonseca, Vágner, Leandro Souza, André Dias, Léo, Flávio Caça-Rato, Siloé e Fred; agachados: Sandro Manoel, Oziel, Natan, Renatinho, Dênis Marques, Panda, Luciano Sorriso e Raul
André Dias marcou o primeiro gol da decisão contra o Betim/MG
Mito, Caça-Rato foi o autor do gol do acesso
A festa no Mundão do Arruda pelo acesso foi inigualável, com mais de 60 mil tricolores gritando e vibrando. A vitória coral foi noticiada por diversos veículos de imprensa do país e do Mundo. Afinal, depois de um verdadeiro calvário, o Santa estava de volta à Série B.
Arquibancadas do Arruda lotadas de felicidade
Na sequência do torneio o Mais Querido eliminou o Luverdense/MT, na semifinal, com duas vitórias e foi para a final diante do Sampaio Corrêa/MA.
Na primeira partida da final, no Maranhão, o placar terminou em branco para os dois lados. Já no segundo confronto, no Arruda, o Santa partiu com tudo em busca do título. Ainda no primeiro tempo o time coral fez 1x0, com gol do volante Dedé, e logo aos 2 minutos do segundo tempo fez 2x0 com gol do mito Flávio Caça-Rato. No fim os maranhenses ainda diminuíram, mas o Tricolor foi quem levantou o troféu.
Dedé marcou o primeiro gol do Santa na decisão da Série C
Caça-Rato e Natan comemoram o segundo gol do Mais Querido
Tricolor conquistou seu primeiro título nacional: Campeão Brasileiro da Série C
2013 terminou com o Santa Cruz tendo conquistado novamente o seu orgulho próprio e o seu primeiro título nacional.